A maior bandeira política da história de Caruaru foi e continua sendo a água. Há mais de um século os principais grupos políticos da cidade tiram dividendos políticos utilizando-se do tema do abastecimento de água. Ao longo do século XX os caruaruenses já ouviram muitas vezes nossos políticos anunciarem a solução do problema, especialmente as véspera dos pleitos eleitorais. Nessa medida vereadores, prefeitos, deputados, senadores e governadores já arrancaram muitos votos dos cidadãos de Caruaru com as promessas de resolverem definitivamente o problema da água na cidade.
Relatos históricos dão conta de que desde as primeiras décadas daquele século Caruaru enfrenta problemas com o fornecimento de água. Também é desse período que a população já protestava sobre a falta de água ou do precário abastecimento. O crescimento populacional e comercial da cidade desde cedo demandou um consumo relativamente potencial, sendo o Rio Ipojuca, a Lagoa da Porta, a Lagoa do Prado e o Açude de Serra dos Cavalos insuficientes para sanar o problema. Essa situação em diversos momentos trouxe grandes aflições ao nosso povo.
As páginas do Jornal Cinco de Novembro, principal jornal de Caruaru até 1930, registram disputas de Guilhermistas e Portistas, os primeiros grupos políticos de Caruaru, que já se digladiavam em torno das questões do abastecimento de água na provinciana cidade. A façanha de Antônio Menino o visionário que prometeu, no final da década de 10, trazer a água de Serra dos Cavalos até a cidade em canos de barro confeccionados pelo próprio, marcou época naquela cidade dita princesa. Até o governador José Rufino Bezerra Cavalcanti zombava do projeto de Antônio Menino, mas o fato é que, mesmo com muitos percalços, o “matuto” conseguiu fazer a água chegar à Rua Preta onde inaugurou um chafariz e conforme narrou Azael Leitão na Revista do Agreste cobrava 2 vinténs a lata.
Apesar de ganhar algum trocado o projeto dos canos de barro trouxe muita dor de cabeça a Antônio Menino. Os canos não agüentavam a pressão da água e quebravam constantemente, exigindo reparos a toda hora. Logo que o fornecimento era cortado os clientes reclamavam e pressionavam por uma solução urgente. Antônio Menino se punha a substituir os canos de barro por canos de ferro em alguns trechos, mas o problema era grande demais para nosso irreverente e utópico herói. Por fim no governo do interventor Carlos de Lima Cavalcante uma adutora foi construída.
Mesmo assim, dos anos trinta para cá as páginas de Vanguarda são fartas em reportagens sobre a problemática do precário abastecimento de água. Os anos passaram, veio a construção do reservatório de Taquara, Tabocas e até barragens que levavam o nome de políticos. Os chafarizes e os carregadores de água foram, gradativamente, saindo de cena a medida que uma torneira era instalada em cada casa. Entretanto não foram poucas as vezes que a população teve o fornecimento cortado ou suportou racionamentos e rodízios que atrasavam, em dias e meses, a chegada da água. As reclamações contra a companhia de abastecimento são históricas, com a conta chegando sempre antes da água.
Sem água o suficiente a cidade quase teve de se contentar com sua vocação comercial, de vez que, sem o líquido precioso, a industrialização não se desenvolveria. A propósito, nos anos 90 assistimos dois grupos políticos se debateram em torno das barragens do Prata e Jucazinho, das quais jorrariam milhões de metros cúbicos de água para a cidade, sendo a solução definitiva para aflição de todos. A água ainda atrasa, mas o povo aprendeu a se defender, cada residência tem um reservatório de alguns milhares de litros. Mesmo que á água não falte nas torneiras o povo já não confia e aperta o orçamento para comprar a mineral oferecida muito caro em cada porta.
fonte:site ASCES
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